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Uma chama entre as cinzas (Uma chama entre as cinzas #1) | Opinião #62

 Olá a todos!

    Hoje venho falar de Uma chama entre as cinzas, o primeiro livro de uma quadrilogia. Escrito por Sabaa Tahir, devorei-o numa tarde de sábado (e nem sequer dei pelo tempo passar).

Atenção: a resenha pode conter SPOILERS!

Sobre a autora

    Sabaa Tahir cresceu no deserto de Mojave, na Califórnia. Devorava romances fantásticos, os livros de banda-desenhada do irmão e tocava guitarra. Começou a escrever Uma chama entre as cinzas enquanto trabalhava à noite na redação de um jornal. Atualmente vive em São Francisco com a família. Uma chama entre as cinzas integrou as listas de bestsellers do New York Times e USA Today, encontra-se vendido para 30 países e os direitos cinematográficos foram adquiridos pela Paramount.

Sinopse

    Elias pertence aos Ilustres, as famílias da elite do Império. Desde os seis anos que treina na Academia Militar de Blackcliff para se tornar um dos soldados mais implacáveis ao serviço dos Marciais.

    Laia pertence aos Eruditos, um povo oprimido pelo jugo firme dos Marciais. Quando o seu irmão é preso e acusado de traição, Laia proucra a ajuda da Resistência. Em troca, tem de levar a cabo uma missão quase impossível: infiltrar-se como escrava em Blackcliff.

    Quando se conhecem, Elias e Laia percebem que as suas vidas estão interligadas - e que as escolhas de ambos podem mudar para sempre o destino do Império.

    Este mundo ricamente detalhado, com traços da Roma Antiga, é o palco de uma aventura empolgante que tem cativado milhares de leitores. Conseguirão Elias e Laia fugir à sua própria sorte?

Opinião

    Uma chama entre as cinzas é o primeiro livro da épica saga, escrita por Sabaa Tahir. Uma história sobre liberdade, medo, escravidão e a coragem para enfrentar o nosso próprio medo.

    No centro desta história estão Laia e Elias, duas personagens em lados opostos da vida e que nada têm a ver uma com a outra. Laia faz parte dos Eruditos, um povo que se encontra escravizado pelo Império dos Marciais. Elias é um Máscara, um corpo de guerreiros de elite dedicados a servir o Império. Ambos vivem com o mesmo propósito: serem livres.

O campo de batalha é o meu templo. A ponta da espada é o meu sacerdote. A dança da morte é a minha oração. O golpe mortal é a minha libertação.

    Laia não é a típica protagonista YA super badass. Ela é extremamente tímida, egoísta e medrosa. Mas quando o seu irmão é capturado pelo Império, Laia tem de arranjar forma de o resgatar e ganhar coragem para enfrentar duras provações. Laia é uma personagem interessante pelo facto de ser tão real nas suas falhas. Ela não é uma guerreira, embora outros queiram que ela seja. Ao longo do livro, é personagem compara-se constantemente com os seus pais - em especial com a sua mãe -, os quais eram guerreiros lendários dos Eruditos. Encheu-me o coração de emoção quando, no final, Laia se liberta desse legado e encontra a sua própria coragem, uma força temperada pelo medo. Pois ela é uma chama que brilha entre as cinzas.

O medo só é teu inimigo se lhe permitires. Medo a mais paralisa-te. Medo a menos deixa-te arrogante. O medo pode ser bom, Laia. Pode manter-te viva, mas não o deixes controlar-te. Não o deixes semear dúvidas no teu âmago. Quando o medo te controlar, usa a única coisa mais poderosa, mais indestrutível, para lutares contra ele: o teu espírito. O teu coração.

    Elias é um Máscara, um corpo de guerreiros de elite cujo único propósito é servir o Imperador. Os Máscaras são conhecidos por serem impiedosos e sanguinários. E Elias quer fugir disso. Quer desertar o Império e quer viver uma vida sossegada nos seus limites. Mas o destino tem outros planos e logo ele vê-se enredado numa competição que decidirá o próximo Imperador.

    Ao contrário de Laia, Elias é guerreiro, mas também se encontra quebrado. Acho que a autora soube desenvolver bem a personagem nas suas mais variadas nuances. Elias é uma personagem atormentada: ele odeia o Império e as atrocidades que comete para com os povos conquistados, em especial com os Eruditos; ele deseja desesperadamente libertar-se do seu destino enquanto Máscara, enquanto servo do Império. Também ele é indeciso e também ele encontra a sua própria coragem, enraizada nos seus ideais, para negar o Império. E tal como Laia, também ele é uma chama entre as cinzas.

Esta vida nem sempre é o que pensamos que vai ser. Tu és uma chama nas cinzas, Elias Veturius. Vais brilhar e arder, devastar e destruir. Não podes mudar isso. Não podes impedi-lo.

    Mas o livro não se centra só na Laia e no Elias (apesar de ser narrado a partir dos seus pontos de vista), as personagens secundárias também gozam de um certo destaque. Temos Helene Aquilla, a melhor amiga de Elias, a única Máscara feminina, movida pela sua lealdade para com Elias e o seu dever para com o Império (estou ansiosa para ver mais da personagem no próximo livro). Temos Keenan, um combatente da Resistência, duro e implacável na luta pela libertação do seu povo. Temos Izzi, uma rapariga doce que não conhece outra vida que não a de escrava, e que merece o mundo. Temos Keris Veturia, a terrível Comadante de Blackcliff, um monstro que um dia já foi humana. Temos a Cozinheira, uma ex-combatente da Resistência, com um passado misterioso.

    Sabaa Tahir sabe explorar todas estas personagens e desenvolver as as suas tramas, medos, alegrias, dúvidas e sonhos. Não há bons nem maus da fita. Há apenas personagens todas elas quebradas pelas circunstâncias do mundo em que vivem.

Vivo com os meus pecados todos os dias. Vivo com a culpa, mas há duas espécies de culpa, rapariga. A que nos afoga até ficarmos sem préstimo e a que nos empolga a alma e nos dá um objetivo.

    O mundo em si é tão vívido, que tive a sensação de estar lá fisicamente com as personagens. Sabaa Tahir retira inspirações da mitologia árabe e cria um mundo único, marcado pela guerra e pela escravidão.

Nota: 4/5

    Em suma, o livro é incrível , com personagens tão cativantes que nos deixam presos até a última página e a suspirar por mais.

    Até à próxima e boas leituras!

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