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Uma tocha na escuridão (Uma chama entre as cinzas #2) | Opinião #111

 Olá a todos!

    Já sabem que o prometido é devido e, por isso, venho hoje falar de Uma tocha na escuridão. Bem, tenho muito que falar sobre o livro. Preparem-se.

    Podem consultar os próximos livros da saga:

Atenção: esta resenha pode conter SPOILERS!

Sobre a autora

    Sabaa Tahir cresceu no deserto de Mojave, na Califórnia. Devorava romances fantásticos, os livros de banda-desenhada do irmão e tocava guitarra. Começou a escrever Uma chama entre as cinzas enquanto trabalhava à noite na redação de um jornal. Atualmente vive em São Francisco com a família. Uma chama entre as cinzas integrou as listas de bestsellers do New York Times e USA Today, encontra-se vendido para 30 países e os direitos cinematográficos foram adquiridos pela Paramount.

Sinopse

    O segundo livro da história épica e eletrizante sobre liberdade, coragem e esperança. Na continuação de Uma chama entre as cinzas, Laia e Elias estão em fuga, lutando pela vida. Após os eventos da quarta Eliminatória, os soldados marciais saem à caça dos dois enquanto eles escapam de Serra e partem em uma arriscada jornada pelo coração do Império. Laia está determinada a invadir Kauf, a prisão mais segura e perigosa do Império, para salvar seu irmão. E Elias está determinado a ficar ao lado dela — mesmo que isso signifique abrir mão da própria liberdade. Eles terão de lutar a cada passo do caminho se quiserem derrotar seus inimigos: o sanguinário imperador Marcus, a cruel comandante, o sádico diretor de Kauf e, o mais doloroso de todos, Helene — a ex-melhor amiga de Elias e nova Águia de Sangue do Império. A missão de Helene é terrível, porém clara: encontrar Elias Veturius e a escrava erudita que o ajudou a escapar... E acabar com os dois. Mas como matar alguém que você ama desesperadamente?

Opinião

    Sabaa Tahir é mestra em manipular os leitores e deixá-los em muitos momentos num estado de agonia e desespero. Gostei muito de Uma chama entre as cinzas, mas não estava preparada para o que aconteceu neste segundo volume da saga.

Enquanto você combater a escuridão, você ficará na luz.

    Uma tocha na escuridão começa exatamente onde o primeiro livro acabou: com a fuga de Elias e Laia de Blackcliff. Os dois estão determinados em resgatar o irmão de Laia, Darin, da prisão de Kauf. Enquanto isso, é dada a Helene a missão de caçar Elias e levá-lo para execução. A história desenrola-se em torno destes três personagens, cada um na sua própria jornada. Temos o reaparecimento de personagens do primeiro livro, mas também temos a introdução de novos personagens - sobre os quais falarei mais à frente.

    Achei o ritmo da narrativa maravilhoso. Logo no início da história é demarcado um prazo (por causa do que está a acontecer com o Elias), no entanto a narrativa toma o seu tempo para nos apresentar a história, desenvolver as personagens, mantendo esse sentido urgência. Nada é apressado, nada é ao acaso. Um pouco como Six of Crows de Leigh Bardugo - o qual li recentemente.

    Neste livro, Tahir aproveita igualmente para explorar este mundo incrível que ela criou. Juntamente com as personagens, nós visitamos outros lugares para além de Serra e de Blackcliff; exploramos um pouco do mundo das Tribos e entramos na Floresta do Anoitecer e no Lugar de Espera, um local entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos. Contudo, a questão da magia é um pouco deixada em aberto o que, confesso, me fez um pouco de confusão. Ainda não percebo muito bem como é que funciona a magia da Helene e que consequências traz para a mesma.

Elias

Você sempre acredita que todas as pessoas são de sua responsabilidade, Elias. Mas não somos. Temos nossas próprias vidas, e merecemos tomar as nossas decisões.


    Elias continua a ser assombrado pelo que fez na Terceira Prova. Ele próprio não se consegue perdoar e, por causa do mal já fez, ele sente o dever de carregar o peso de cada vida, de cada pessoa querida, nas suas costas. Pondo de outra forma, ele não se permite seguir em frente. É certo que ele teve que matar os amigos de longa data e que não é propriamente fácil seguir com a nossa vida depois disso. Essa, eu diria, é a grande jornada de Elias neste livro: aprender a libertar-se dos seus próprios fantasmas.

Laia

O fracasso não define uma pessoa. É o que ela faz depois de fracassar que determina se é uma líder ou um desperdício de ar.


    Acho que neste livro, Laia teve um grande desenvolvimento e cimentou-se como uma personagem forte. Laia é regida pelas suas emoções, ela não é daquelas protagonistas que já nasceram a lutar e a distribuir murros a toda a gente. Pelo contrário, as suas emoções são a sua força, o seu combustível para ultrapassar os obstáculos que vai encontrado pelo caminho. Laia deixou de ser aquela rapariga assustada e medrosa. Ela tornou-se numa mulher que luta pelos seus ideais e convicções - até às últimas consequências.

    Ainda assim, ela erra.

    Neste livro, a personagem é colocada numa espécie de posição de liderança informal. Afinal, é o irmão dela que está na prisão, é ela que decide. As outras personagens voltam-se para ela em busca de respostas ou de um plano todo já formalizado e perfeito. E Laia sente-se perdida. Ela não sabe o que fazer. Quando as coisas dão para o torto (e isso acontece várias vezes ao longo do livro), ela fecha-se sobre si mesma e enterra as suas emoções e sentimentos, pensado que uma líder não se pode deixar guiar pelo seu coração.

    Não creio que a personagem esteja propriamente errada, mas também não acho que ela está certa. O ser humano erra, é algo que nos é intrínseco. E é com os nossos erros que a gente aprende. É essa a grande lição que a personagem aprende neste livro. Laia é uma pessoa comum que enfrenta grandes adversidades e surge sempre mais forte do que antes.

Helene

A maioria das pessoas não passa de lampejos na grande escuridão do tempo. Mas você, Helene Aquilla, não é uma faísca que se consome rapidamente. Você é uma tocha na escuridão...se tiver coragem de se deixar consumir pelas chamas.


    A Helene foi a maior surpresa do livro. Ler os seus capítulos foi uma alegria e uma dor ao mesmo tempo.

    Na minha opinião, Helene foi uma das personagens que mais sofreu neste livro. Ela é incumbida de matar Elias, o seu melhor amigo e a sua grande crush, ao mesmo tempo que tem que lidar com a sádica Comandante, Keris Veturia, e Marcus - que agora é Imperador.

    Contrariamente a Laia, Helene não se pode dar ao luxo de reger-se pelo seu coração. Helene é a única mulher num ambiente predominantemente masculino, logo ela tem que ser mais forte (fisicamente e psicologicamente) que qualquer homem. Para além disso, ela foi educada em Blackcliff, um sítio onde as emoções e os sentimentos de nada servem. Mas, assim como Laia, Helene assume uma posição de liderança enquanto Águia de Sangue e, tal como Laia, ela não sabe muito bem o que há de fazer e a autora explora esse grande dilema que ela vive.

    Mas onde, a meu ver, Laia triunfa, Helene falha - exatamente porque não soube lidar com os seus sentimentos e observar o que estava à sua volta.

    Honestamente, Helene é uma das minhas personagens preferidas do livro e sinto que a sua jornada ainda não acabou. Como personagem, Helene ainda tem espaço para crescer ainda mais e tornar-se numa espécie de símbolo.

Personagens secundárias

    Agora chegou a altura de falar nas personagens secundárias. Sim, porque as personagens secundárias têm tanto destaque quanto as principais.

    Gostaria de começar com Avitas Harper. Harper é uma das novas personagens introduzidas por Tahir neste segundo livro. Harper é o espião de Keris Veturia mas ele parece ter a sua própria agenda. Durante o livro todo não consegui perceber qual era o jogo dele. Parece ser uma personagem interessante e misteriosa, mais a mais depois da grande revelação de que ele e Elias são meios-irmãos. Espero ver mais dele no próximo livro.

    Também gostaria de falar sobre Keenan. No primeiro livro até fiquei intrigada com Keenan, especialmente quanto às suas intenções com a Laia. Neste livro já fiquei com um pé atrás em relação à personagem. Principalmente, no que tocou ao seu romance com Laia. Ele parecia estar constantemente a diminuí-la, sempre a questionar as suas escolhas, sempre a esfregar-lhe os erros na cara. O pior é que a personagem não o faz de uma forma direta e descarada, antes de uma maneira discreta indireta. E isso estava a incomodar-me muito. Mas quando é revelado que ele é o Emissário das Trevas, tudo começou a encaixar-se. Eu não estava nada à espera dessa grande reviravolta.

    Tahir conduz-nos habilmente - com uma escrita um tanto poética - por um turbilhão de emoções, reviravoltas alucinantes e planos desesperados, enquanto nos destrói juntamente com as personagens e nos volta a construir com a promessa de esperança.

Enquanto há vida, há esperança.


Nota: 4.5/5

    Em suma, Uma tocha na escuridão foi uma viagem emocional - sofri com as personagens e vibrei com as suas vitórias. É uma continuação sólida, cativante e viciante, e por essa razão classifico-a com 4.5. Até à próxima e boas leituras!

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