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O ódio que semeias | Opinião #129

 Olá a todos!

    Hoje venho falar de um livro impressionante, sobre racismo e ódio. Como já devem ter percebido pelo título deste post, referi-me ao livro O ódio que semeias de Angie Thomas.

Sobre a autora

    Angie Thomas nasceu, cresceu e reside em Jackson, Mississippi. É Bachelor of Fine Arts em Escrita Criativa pela Belhaven University. O Ódio Que Semeias é o seu romance de estreia, que ocupou o primeiro lugar na lista de bestsellers do New York Times durante várias semanas. Uma obra notável com direitos de tradução vendidos para mais de 20 países, tendo os direitos cinematográficos já sido adquiridos pela Fox 2000.

Sinopse

    Starr tem 16 anos e move-se entre dois mundos: o seu bairro periférico e problemático, habitado por negros como ela, e a escola que frequenta numa elegante zona residencial de brancos. O frágil equilíbrio entre estas duas realidades é quebrado quando Starr se torna a única testemunha do disparo fatal de um polícia contra Khalil, o seu melhor amigo. A partir daí, pairam sobre Starr ameaças de morte: tudo o que ela disser acerca do crime que presenciou pode ser usado a seu favor por uns, mas sobretudo como arma por outros.

    O Ódio que Semeias é um poderoso romance juvenil, inspirado pelo movimento Black Lives Matter e pela luta contra a discriminação e a violência. O livro está a ser adaptado ao cinema e conta com Amandla Stenberg no papel principal.

Opinião

    Depois de ter lido duas sagas uma a seguir à outra, achei que estava na altura de ler uns livros soltos só para descomprimir um pouco (afinal, ler uma saga pode revelar-se cansativo). Na altura em que foi lançado, O ódio que semeias foi muito falado por ter sido inspirado no movimento Black Lives Matter - além disso a sua lombada é vermelha e eu tenho um cantinho só para livros com capas e lombadas vermelhas.

    O ódio que semeias acompanha a história de Starr depois de ter testemunhado a morte do seu melhor amigo às mãos da polícia. Este é um daqueles livros que deve ser incluído no Plano Nacional de Leitura. É poderoso, realista e cruel. É uma verdadeira chamada de atenção para a situação dos afro-americanos nos Estados Unidos da América (e quem sabe do mundo). A escrita de Angie Thomas é simplista - afinal, a história é contada a partir do ponto de vista de uma adolescente -, mas é essa simplicidade que torna o livro tão poderoso: porque ela expressa a raiva de Starr com a situação; ela apresenta-nos as coisas tal como elas são, sem tentar embelezá-las com palavras bonitas.

    Starr é uma protagonista apaixonante. Ela tem as suas virtudes e os seus defeitos como qualquer ser humano, mas esforça-se ao máximo para tentar fazer aquilo que considera ser o mais correto. Starr retira a sua força da sua família, dos amigos e do namorado. São essas interações que vão ajudá-la a encontrar a sua voz e a lutar por Khalil.

    Inspirado igualmente numa rima do famoso rapper Tupac, o livro aborda principalmente a questão do ódio e de como este se perpetua num ciclo que, com o passar do tempo, se torna cada vez mais difícil de quebrar. Não é só o ódio interracial que assola Garden Heights, é também o ódio dos gangues, da vida de pobreza a que muitos são votados por conta do sistema capitalista. No fim, o livro termina sem de facto apresentar uma solução (afinal, quando tudo o que conhecemos é o ódio, é difícil sair desse ciclo). Pelo contrário, Thomas encerra o livro mais numa nota de apelo para que as pessoas, principalmente os jovens, ergam as suas vozes e quebrem esse ciclo de ódio.

⭐⭐⭐⭐

4/5 

    Em suma, O ódio que semeias é um livro poderoso, uma verdadeira chamada de atenção para o ódio que existe nos Estados Unidos da América.

Ellis

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