Acabadinha de sair do cinema, venho aqui partilhar convosco a minha opinião sobre Barbie, um dos filmes mais aguardados do ano, e assim participar do fenómeno Barbenheimer - que tomou a internet de assalto.
Sobre o filme
O filme é dirigido por Greta Gerwig, assinando igualmente o argumento ao lado de Noah Baumbach. No elenco, conta com as participações de Margot Robbie e de Ryan Gosling nos papéis de Barbie e Ken, respetivamente. Ao seu lado, atuam nomes como America Ferrera, Kate McKinnon, Issa Rae, Simu Liu, Michael Cera, Rhea Perlman, e Will Ferrell. O filme estreou-se a 21 de julho nos EUA (a 20 de julho por cá), tornando-se na segunda maior bilheteira do ano.
Sinopse
Viver no Mundo da Barbie é ser perfeito num lugar perfeito. A menos que se tenha uma crise existencial. Ou que se seja um Ken. De Greta Gerwig, argumentista/realizadora nomeada ao Óscar, chega Barbie, protagonizado pela nomeada ao Óscar Margot Robbie e Ryan Gosling como Barbie e Ken. O argumento é também de Gerwig e do nomeado ao Óscar Noah Baumbach, inspirado na Barbie da Mattel.
Opinião
Nos últimos meses, as equipas de marketing dos estúdios da Universal e da Warner têm apostado tudo, de forma a divulgar os filmes Oppenheimer e Barbie respetivamente. Por coincidência (ou talvez não), a estreia destes dois blockbusters ocorreu exatamente no mesmo dia nos EUA, país de origem. Obviamente, esta coincidência não escapou aos mais atentos internautas, que logo começaram a publicar memes e a fazer brincadeiras, assinalando a competição entre os dois filmes. Assim como milhares de nerds ao redor do mundo, decidi embarcar no fenómeno Barbenheimer, começando por dirigir-me ao cinema mais próximo e comprar o bilhete para assistir Barbie. O Oppenheimer ficará para outro dia.
Ora, muito se tem falado e escrito acerca do filme sobre a boneca mais famosa do mundo, dirigido por Greta Gerwig (que entrou para as bocas do mundo com Mulherzinhas de 2019). A crítica tem sido mais ou menos unânime em exaltar Barbie como uma sátira do patriarcado, misoginia, como explora a passagem da rapariga da infância para a adolescência e mais tarde para a maioridade, onde vai aprendendo um novo conjunto de regras que lhe são impostas pela sociedade – leia-se patriarcal. A bem da verdade, o filme fala sobre isso tudo, mas não da forma mais inteligente. Aqui é demonstrado mais uma vez a dicotomia entre críticos de cinema profissionais e o público – neste caso, eu.
Era uma vez, a Barbie Estereotipada (Margot Robbie), loira e curvilínea, com os seus lindos vestidos e saltos a condizer, que vivia na Barbielândia. A Barbielândia era uma terra única, repleta de Barbies, Kens e cor-de-rosa. Muito cor-de-rosa. Aí, na Barbielândia, a Barbie Estereotipada vivia a sua vida perfeita, perfeitamente encaixada no sistema matriarcal, com as suas amigas e Ken (Ryan Gosling). Tudo estava bem até que um dia Barbie Estereotipada pensou casualmente na morte. E é esse incidente que dá azo ao filme de Gerwig. Barbie vê-se então obrigada a viajar até ao Mundo Real, com o intuito de ajudar a sua “menina” a encontrar de novo a felicidade para que a sua vida perfeita possa voltar a ser perfeita. Obviamente que o Mundo Real, com todas as suas contradições, não é particularmente acolhedor para com a boneca. É durante as suas várias tropelias que o argumento do filme aponta e vocifera contra o patriarcado e as suas imposições. Aliás, o filme todo grita bem alto contra o patriarcado, numa ode ao feminismo, ao ponto que chega a ser irritante.
Não posso dizer que não me diverti a assistir o filme porque realmente existem várias cenas que são hilariantes, mas, para mim, o resto foi o problema. Eu senti-me como se estivesse a ver um filme tipo algodão doce: muito bonito, no entanto sem nenhum substrato. A toda hora, o filme lá ia martelando na minha cabeça o seu discurso feminista e anticapitalista. Maior hipocrisia não há, porque tanto feminismo e não se verifica uma verdadeira mudança, não há um mudar de rumo, absolutamente nada, o sistema mantem-se como está (apesar de todos os seus problemas); tanto discurso anticapitalista e no fundo apenas serve ao grande capital, uma vez que os maiores beneficiados no meio disto tudo são a Warner e a Mattel – companhia que criou a boneca (benefício para o qual eu contribuí, eu sei).
A meu ver, Barbie tenta ser um filme imensamente inteligente e inovador. Volto a frisar, tenta. Contudo, foi uma fraca tentativa pois acaba por cair nas tendências dominantes, veiculando o mesmo discurso vazio que nos tem sido imposto e esperando que sejamos gratos por esta grande obra-prima satírica.
Nota: 3/10
Até à próxima e bons filmes!
Ellis
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