E mais uma vez, Leigh Bardugo brinca com as minhas emoções e entrega um livro inesquecível e que já se cimentou na minha lista de favoritos.
Sobre a autora
Sinopse
Bem-vindo ao mundo dos Grishas.
Kaz Brekker e sua equipe de párias mortais acabaram de realizar um assalto tão ousado que nem eles pensaram que sobreviveriam. Mas, em vez de dividir uma grande recompensa, eles voltam a lutar por suas vidas.
Traída e muito enfraquecida, a tripulação está com poucos recursos, aliados e esperança. À medida que forças poderosas de todo o mundo chegam a Ketterdam para descobrir os segredos da perigosa droga conhecida como jurda parem, velhos rivais e novos inimigos surgem para desafiar a astúcia de Kaz e testar a frágil lealdade da equipe.
Uma guerra será travada nas ruas escuras e sinuosas da cidade - uma batalha por vingança e redenção que decidirá o destino do mundo Grisha.
Opinião
Não recomendo esta duologia para os fracos de coração. Não, a sério. Não estou a brincar. Leigh Bardugo acabou comigo de uma forma que só ela é capaz: brutal, impiedosa e com um toque de esperança. Não existe outra palavra para descrever o livro que não épico.
Crooked Kingdom começa onde Six of Crows terminou - Inej nas mão de Van Eck e Kaz e os outros determinados a resgatá-la. Mas isso é só o primeiro ato. Há ainda o problema da jurda parem, uma droga que aumenta exponencialmente os poderes dos Grishas - mas que acarreta graves consequências para os mesmos. E todos parecem dispostos a tudo para obterem o seu segredo. É claro que Kaz e a sua equipa estão no meio disto tudo.
Neste livro vemos o aprofundar das relações entre as personagens, explorando os seus medos, as suas incertezas e as suas esperanças para o futuro.
À primeira vista, Kaz é cruel e impiedoso. Mas, neste segundo livro, nós vemos um lado mais humano de Kaz. Não, ele não ainda por aí a distribuir abraços e a dizer a toda a gente o quanto são maravilhosos. Mas depois de tudo o que já passaram, Kaz começa a demonstrar uma maior afeição pelas outras personagens, especialmente por Inej.
Inej começa o livro refém de Van Eck, escondida algures em Ketterdam. A experiência reabre-lhe feridas antigas e o seu psicológico começa a ficar deveras abalado. Inej começa a achar que o grupo (e principalmente Kaz) irá abandoná-la e deixá-la à sua sorte; que aquela sensação de conforto e de relativa segurança era tudo apenas uma cruel ilusão. Outra batalha importante da personagem é o seu desejo por liberdade - por verdadeira liberdade. Com todas as interigas políticas que vão pautando o livro, Inej compreende que o preço pela verdadeira liberdade pode ser mais alto do que ela imaginava. E, mesmo assim, ela decide partir à luta.
Nina teve uma das viagens mais atribuladas do livro. Através desta personagem, Bardugo aborda temas como a toxicodependência e o processo de reabilitação. Após ter consumido a droga, Nina passa pelo complicado processo da abstinência. Ela tenta resolver tudo sozinha, ela tenta ser a pessoa que era antes de ter tomado a jurda parem. Porém, a personagem apercebe-se que tal já não possível, uma vez que a droga parece ter interferindo com os seus poderes - tornando-os numa coisa que ela própria não compreende totalmente.
A personagem vive todo este processo numa nuvem de medo, de stress e de ansiedade. Todavia, é da sua relação com Matthias e com os restantes corvos que ela retira força e coragem para enfrentar tudo de cabeça erguida.
Falando em Matthias...Matthias tornou-se numa das personagens mais doces deste livro. A personagem demonstrou uma grande dose de coragem para rejeitar todos os ensinamentos em que fora doutrinado e aceitar ver a verdade: que, mesmo com os seus poderes, os Grishas são humanos; eles erram, amam, guardam arrependimentos e mágoas. Matthias atira-se igualmente de cabeça no seu amor por Nina, aceitando-a tal como ela é - com todos os seus defeitos e virtudes -, oferecendo-lhe uma mão sem a julgar, olhando para os seus demónios e mesmo assim dizer-lhe que ela é bonita.
Não há como deixar de lado uma outra dupla, a qual também teve um grande desenvolvimento: Jesper e Wylan.
No livro anterior, eu queixei-me da inexistência de capítulos narrados a partir do ponto de vista de Wylan. Bem, este livro atendeu aos meus pedidos e entregou-me tudo o que eu queria (e mais). Finalmente, são-nos reveladas as circunstâncias que levaram Wylan até Kaz e à equipa. Wylan mostra-nos que, por vezes, as pessoas com os maiores privilégios escondem as maiores mágoas. Filho do maior inimigo de Kaz, por grande parte do livro a personagem demonstra uma certa reticência quanto a levar o seu pai à justiça. Ele ainda acalenta a esperança de que o seu pai possa mudar.
É doloroso perceber, juntamente com Wylan, que há pessoas que simplesmente não têm redenção. Ainda que ele queira levar o seu pai à justiça, Wylan não se deixa enredar pelo ódio, mostrando sempre compaixão.
Em Crooked Kingdom, somos apresentados igualmente ao passado de Jesper. Deu-me um grande gozo conhecer quem era Jesper antes de ser ter tornado num exímio pistoleiro. No fundo, Jesper é um rapaz assustado, com medo das consequências que as suas ações provocam naqueles que ama e por isso está sempre a fugir.
Uma grande fatia dos arcos de Wylan e Jesper é a relação que floresce entre os dois. O que começa por ser um namorisco, transforma-se em algo sério. Wylan influencia Jesper e Jesper influencia Wylan; os dois apoiam-se mutuamente, estão lá quando o outro precisa e, mais importante, confidenciam os seus medos e as suas esperanças.
Peguei no livro e já não o consegui pousar. Tive momentos em que ri e momentos em que sofri. Fiquei na ponta dos pés com cada surpresa e reviravolta. Em suma, Crooked Kingdom é desfecho épico duma duologia extraordinária e surpreendente.
Nota: 5/5
Aproveita e confere os restantes livros:
- Sombra e ossos (Trilogia grisha #1)
- Sol e tormenta (Trilogia grisha #2)
- Ruína e ascensão (Trilogia grisha #3)
- Six of crows (Six of crows #1)
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