Avançar para o conteúdo principal

Barbie | Opinião #195

 Olá a todos!

    Acabadinha de sair do cinema, venho aqui partilhar convosco a minha opinião sobre Barbie, um dos filmes mais aguardados do ano, e assim participar do fenómeno Barbenheimer - que tomou a internet de assalto.

Sobre o filme

    O filme é dirigido por Greta Gerwig, assinando igualmente o argumento ao lado de Noah Baumbach. No elenco, conta com as participações de Margot Robbie e de Ryan Gosling nos papéis de Barbie e Ken, respetivamente. Ao seu lado, atuam nomes como America Ferrera, Kate McKinnon, Issa Rae, Simu Liu, Michael Cera, Rhea Perlman, e Will Ferrell. O filme estreou-se a 21 de julho nos EUA (a 20 de julho por cá), tornando-se na segunda maior bilheteira do ano.

Sinopse

    Viver no Mundo da Barbie é ser perfeito num lugar perfeito. A menos que se tenha uma crise existencial. Ou que se seja um Ken. De Greta Gerwig, argumentista/realizadora nomeada ao Óscar, chega Barbie, protagonizado pela nomeada ao Óscar Margot Robbie e Ryan Gosling como Barbie e Ken. O argumento é também de Gerwig e do nomeado ao Óscar Noah Baumbach, inspirado na Barbie da Mattel.



Opinião

    Nos últimos meses, as equipas de marketing dos estúdios da Universal e da Warner têm apostado tudo, de forma a divulgar os filmes Oppenheimer e Barbie respetivamente. Por coincidência (ou talvez não), a estreia destes dois blockbusters ocorreu exatamente no mesmo dia nos EUA, país de origem. Obviamente, esta coincidência não escapou aos mais atentos internautas, que logo começaram a publicar memes e a fazer brincadeiras, assinalando a competição entre os dois filmes. Assim como milhares de nerds ao redor do mundo, decidi embarcar no fenómeno Barbenheimer, começando por dirigir-me ao cinema mais próximo e comprar o bilhete para assistir Barbie. O Oppenheimer ficará para outro dia.

    Ora, muito se tem falado e escrito acerca do filme sobre a boneca mais famosa do mundo, dirigido por Greta Gerwig (que entrou para as bocas do mundo com Mulherzinhas de 2019). A crítica tem sido mais ou menos unânime em exaltar Barbie como uma sátira do patriarcado, misoginia, como explora a passagem da rapariga da infância para a adolescência e mais tarde para a maioridade, onde vai aprendendo um novo conjunto de regras que lhe são impostas pela sociedade – leia-se patriarcal. A bem da verdade, o filme fala sobre isso tudo, mas não da forma mais inteligente. Aqui é demonstrado mais uma vez a dicotomia entre críticos de cinema profissionais e o público – neste caso, eu.

    Era uma vez, a Barbie Estereotipada (Margot Robbie), loira e curvilínea, com os seus lindos vestidos e saltos a condizer, que vivia na Barbielândia. A Barbielândia era uma terra única, repleta de Barbies, Kens e cor-de-rosa. Muito cor-de-rosa. Aí, na Barbielândia, a Barbie Estereotipada vivia a sua vida perfeita, perfeitamente encaixada no sistema matriarcal, com as suas amigas e Ken (Ryan Gosling). Tudo estava bem até que um dia Barbie Estereotipada pensou casualmente na morte. E é esse incidente que dá azo ao filme de Gerwig. Barbie vê-se então obrigada a viajar até ao Mundo Real, com o intuito de ajudar a sua “menina” a encontrar de novo a felicidade para que a sua vida perfeita possa voltar a ser perfeita. Obviamente que o Mundo Real, com todas as suas contradições, não é particularmente acolhedor para com a boneca. É durante as suas várias tropelias que o argumento do filme aponta e vocifera contra o patriarcado e as suas imposições. Aliás, o filme todo grita bem alto contra o patriarcado, numa ode ao feminismo, ao ponto que chega a ser irritante.

    Não posso dizer que não me diverti a assistir o filme porque realmente existem várias cenas que são hilariantes, mas, para mim, o resto foi o problema. Eu senti-me como se estivesse a ver um filme tipo algodão doce: muito bonito, no entanto sem nenhum substrato. A toda hora, o filme lá ia martelando na minha cabeça o seu discurso feminista e anticapitalista. Maior hipocrisia não há, porque tanto feminismo e não se verifica uma verdadeira mudança, não há um mudar de rumo, absolutamente nada, o sistema mantem-se como está (apesar de todos os seus problemas); tanto discurso anticapitalista e no fundo apenas serve ao grande capital, uma vez que os maiores beneficiados no meio disto tudo são a Warner e a Mattel – companhia que criou a boneca (benefício para o qual eu contribuí, eu sei).

    A meu ver, Barbie tenta ser um filme imensamente inteligente e inovador. Volto a frisar, tenta. Contudo, foi uma fraca tentativa pois acaba por cair nas tendências dominantes, veiculando o mesmo discurso vazio que nos tem sido imposto e esperando que sejamos gratos por esta grande obra-prima satírica.

Nota: 3/10

Até à próxima e bons filmes!

Ellis

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O rapaz que ouvia as estrelas | Opinião #14

Capa do livro   Olá gente! Hoje venho partilhar as impressões do livro O rapaz que ouvia as estrelas de Tim Bowler. Espero que gostem! Sobre o autor     Tim Bowler é um dos autores mais cativantes e originais da atual literatura infantojuvenil britânica. De entre as suas diversas obras, muitas delas premiadas, conta-se o muito aclamado O Rapaz do Rio, que foi distinguido com o prestigiado Carnegie Medal, e O Rapaz que Ouvia as Estrelas Resumo   Seguimos a história de Luke Stanton, dois anos após a morte do pai. Luke é um rapaz de 14 anos que tem um talento para a música e para o piano, tal como o seu pai. Mas há uma coisa que diferencia Luke do resto das pessoas: ele consegue ouvir os sons e as músicas de tudo o que o rodeia. Cada árvore, cada pedra, cada pessoa tem a sua própria melodia e Luke consegue ouvi-las.   Luke ainda sofre com a morte repentina do pai e a sua vida começa a complicar-se. a mãe começa a namorar outro homem e o grupo com q...

Carmen Sandiego - nova série de animação da Netflix

Poster oficial   Gostas das séries originais da Netflix? Então vais gostar de saber que vem aí mais uma série original do serviço de streaming.   Carmen Sandiego é a mais recente série de animação da Netflix. A série baseia-se na franchise de jogos da Broderbund, com o mesmo nome. A personagem Carmen Isabella Sandiego é bastante famosa nos Esatdos Unidos, tendo já originado 3 séries no passado. Segundo a Netflix, a série pretende focar-se mais na personagem e na sua história, mostrando as suas origens. Sinopse   Carmen Sandiego é uma mestre na arte de roubar, mas não se deixem enganar: a sua verdadeira missão é viajar pelo mundo para acabar com os maléficos planos da VILE.   Elenco   São escassas as informações divulgadas no que concerne ao elenco original. Sabe-se apenas que Gina Rodriguez irá dar voz à protagonista e Finn Wolfhard (ator já conhecido da Netflix, que interpreta a personagem de Mike Wheeler em Stranger Things ) irá dar voz a...

3ª temporada de Snowfall

Poster oficial   Gostas de drama? Gostas de crime? Então não percas a 3ª temporada de Snowfall ! Sobre a série   A série é da criação de John Singleton, Eric Amadio e Dave Andron. Produzida pela emissora FX, a série conta, no seu total, com 20 episódios. A 1ª temporada estreou em 2017. Sinopse   Situada em Los Angeles no ano de 1983, a série gira em torno da primeira epidemia de crack e o seu impacto na cultura da cidade , seguindo as histórias de vários personagens cujas vidas estão condenadas a cruzar-se: o traficante de drogas Franklin Saint, de 19 anos, o lutador mexicano Gustavo "El Oso" Zapata, o agente da CIA Teddy McDonald e a sobrinha de um chefe de crime mexicano, Lucia Villanueva.   Elenco   No elenco contamos com a participação de: Damson Idris como Franklin Saint Carter Hudson como Teddy McDonald Emily Rios como Lucia Villanueva Sergio Peris-Mencheta como Gustavo "El Oso" Zapata Isaiah John como Leon Simmons Amin Jos...