Avançar para o conteúdo principal

O silmarillion | Opinião #196

 Olá a todos!

    Hoje trago um post muito especial, pois venho falar sobre um dos maiores mestres da literatura fantástica, J. R. R. Tolkien.

Sobre o autor

    John Ronald Reuel Tolkien nasceu na África do Sul, de pais ingleses, em 1892. Tinha 4 anos quando o pai morreu e foi já em Inglaterra que fez os seus estudos, concluídos em 1915 na Universidade de Oxford. Alistado no Exército Inglês, combateu na Primeira Grande Guerra e foi vítima da "febre-das-trincheiras", que o levou a estar hospitalizado durante um ano. A seguir à guerra trabalhou na equipa que organizou o "Dicionário Inglês de Oxford" e começou a lecionar, primeiro na Universidade de Leeds, depois na de Oxford. Tolkien era um especialista do Old English (que vai do séc. VIII a.C. ao séc. XII d.C.) e do Middle English (que vai do séc. XII ao XVI).

    "O Hobbit", seu primeiro livro (já publicara textos académicos, nomeadamente, em colaboração com E. V. Gordon, "Sir Gawain and the Green Knight) escreveu-o em 1937, e a trilogia de "O Senhor dos Anéis" foi publicada nos anos de 1954 e 55. J.R.R. Tolkien viria a morrer em 1973, com 81 anos.

Sinopse

    O silmarillion é um relato dos Tempos Antigos ou da Primeira Era do Mundo. Em O Senhor dos Anéis foram narrados os grandes acontecimentos do fim da Terceira Era; em O silmarillion as histórias provêm de um passado muito mais remoto, quando Morgoth, o primeiro Senhor das Trevas, habitou a Terra Média e os Elfos Superiores o guerrearam para recuperarem os silmarils.

    O silmarillion é o produto da fabulosa imaginação do seu autor. É uma obra em que estão presentes, sob a forma do mito e da lenda, os conflitos entre o desejo de dominar o mundo e o poder criativo que provém do desenvolvimento dos valores intrínsecos.

Opinião

    Após um hiato de anos, regressei às costas e prados da Terra Média e à ficção tolkiana. O silmarillion é mais um testemunho da genialidade de J. R. R. Tolkien no que toca à construção de mundos. Todavia, ao contrário das suas obras mais famosas (Hobbit e Senhor dos Anéis), O silmarillion está bem aquém do que estamos habituados em Tolkien.

    Resumindo o livro, O silmarillion assume-se na cronologia como uma prequela de Hobbit e Senhor dos Anéis, registando todos os acontecimentos mais importantes da Primeira Era da Terra Média. A obra expande a mitologia tolkiana iniciando com a criação do mundo através de uma canção, passando pela chegada dos Elfos e dos Humanos, finalizando com uma versão resumida da Terceira Era - tudo isto por meio de pequenas histórias e contos. Neste sentido, a obra não se trata de um livro com uma narrativa linear e coesa, mas antes um compêndio de pequenas histórias que o autor foi escrevendo ao longo dos anos. Obviamente, os silmarils, três das mais belas gemas alguma vez criadas (e que dão nome ao livro), estão no centro da narrativa e fazem-na avançar para a frente de certa forma, contudo eu senti que estes objetos possuíam um papel bastante secundário e - atrevo-me a dizer - pouco relevante no global.

    Um dos aspectos que gosto muito na ficção tolkiana é a sua escrita fluída e também a sua imaginação. No entanto, apesar da prosa magistral, O silmarillion provou-se ser uma obra de difícil leitura, obrigando-me a várias pausas no decorrer da sua leitura. Tal deveu-se à imensa informação contida em cada capítulo: são demasiadas personagens e demasiados lugares para a minha cabeça conseguir decorar tudo, pelo que, não menos que uma vez, tive necessidade de parar e voltar atrás porque sentia que tinha deixado escapar alguma coisa, alguma informação. Apenas tenho que louvar Christopher Tolkien, seu filho, pelo trabalho de reunir todas as histórias soltas numa ordem que faça algum sentido, pois esta obra foi já publicada postumamente.

    Atendendo ao facto do livro servir enquanto prequela, deixou a desejar nesse quesito, uma vez que nunca chega a aprofundar verdadeiramente as personagens ou os acontecimentos. Por exemplo, nunca se chega a falar da origem de Sauron e de como ele se veio a tornar no ser maléfico que todos conhecemos; simplesmente é mencionado de passagem. Outro ponto no qual o livro peca é a atenção excessiva que é dispendida à história dos Elfos e dos Homens. Compreendo que esse enfoque especial esteja relacionado com o facto das duas raças serem consideradas como primogénitas, porém, a meu ver, a beleza da obra de Tolkien reside na diversidade que raças que habitam a Terra Média, como os Orcs, os Anões e os Hobbits. No que concerne às duas primeiras, existe de facto uma menção acerca da sua criação e como vieram habitar a Terra Média e pouco mais. Por contraste, não há uma menção sequer aos Hobbits ou a qualquer antepassado destas criaturas, a não ser já nas últimas páginas, integrados na narrativa referente à Terceira Era.

    Posto isto, O silmarillion não deixa de ser uma obra interessante e com o seu mérito, no entanto foi totalmente diferente do que eu estava à espera.

Nota: 3/5

Até à próxima e boas leituras!

Ellis

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O rapaz que ouvia as estrelas | Opinião #14

Capa do livro   Olá gente! Hoje venho partilhar as impressões do livro O rapaz que ouvia as estrelas de Tim Bowler. Espero que gostem! Sobre o autor     Tim Bowler é um dos autores mais cativantes e originais da atual literatura infantojuvenil britânica. De entre as suas diversas obras, muitas delas premiadas, conta-se o muito aclamado O Rapaz do Rio, que foi distinguido com o prestigiado Carnegie Medal, e O Rapaz que Ouvia as Estrelas Resumo   Seguimos a história de Luke Stanton, dois anos após a morte do pai. Luke é um rapaz de 14 anos que tem um talento para a música e para o piano, tal como o seu pai. Mas há uma coisa que diferencia Luke do resto das pessoas: ele consegue ouvir os sons e as músicas de tudo o que o rodeia. Cada árvore, cada pedra, cada pessoa tem a sua própria melodia e Luke consegue ouvi-las.   Luke ainda sofre com a morte repentina do pai e a sua vida começa a complicar-se. a mãe começa a namorar outro homem e o grupo com q...

Carmen Sandiego - nova série de animação da Netflix

Poster oficial   Gostas das séries originais da Netflix? Então vais gostar de saber que vem aí mais uma série original do serviço de streaming.   Carmen Sandiego é a mais recente série de animação da Netflix. A série baseia-se na franchise de jogos da Broderbund, com o mesmo nome. A personagem Carmen Isabella Sandiego é bastante famosa nos Esatdos Unidos, tendo já originado 3 séries no passado. Segundo a Netflix, a série pretende focar-se mais na personagem e na sua história, mostrando as suas origens. Sinopse   Carmen Sandiego é uma mestre na arte de roubar, mas não se deixem enganar: a sua verdadeira missão é viajar pelo mundo para acabar com os maléficos planos da VILE.   Elenco   São escassas as informações divulgadas no que concerne ao elenco original. Sabe-se apenas que Gina Rodriguez irá dar voz à protagonista e Finn Wolfhard (ator já conhecido da Netflix, que interpreta a personagem de Mike Wheeler em Stranger Things ) irá dar voz a...

3ª temporada de Snowfall

Poster oficial   Gostas de drama? Gostas de crime? Então não percas a 3ª temporada de Snowfall ! Sobre a série   A série é da criação de John Singleton, Eric Amadio e Dave Andron. Produzida pela emissora FX, a série conta, no seu total, com 20 episódios. A 1ª temporada estreou em 2017. Sinopse   Situada em Los Angeles no ano de 1983, a série gira em torno da primeira epidemia de crack e o seu impacto na cultura da cidade , seguindo as histórias de vários personagens cujas vidas estão condenadas a cruzar-se: o traficante de drogas Franklin Saint, de 19 anos, o lutador mexicano Gustavo "El Oso" Zapata, o agente da CIA Teddy McDonald e a sobrinha de um chefe de crime mexicano, Lucia Villanueva.   Elenco   No elenco contamos com a participação de: Damson Idris como Franklin Saint Carter Hudson como Teddy McDonald Emily Rios como Lucia Villanueva Sergio Peris-Mencheta como Gustavo "El Oso" Zapata Isaiah John como Leon Simmons Amin Jos...