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Sugestão do mês | Março

 Saudações, caros leitores!

    No hemisfério norte, Março é geralmente considerado como o primeiro mês de Primavera. Pessoalmente, encaro sempre este mês como um mês de transição, altura em que passo mais à ação, relativamente aos meus projetos - após ter estabelecido os contornos gerais nos dois meses anteriores. Nesse sentido, é sempre por volta desta altura que começo a minha busca por histórias com mais profundidade, a qual (a maior parte das vezes) acaba sempre por ir parar à ficção histórica, vá se lá saber porquê. Assim, e para não destoar, trago uma recomendação de uma série de ficção histórica, bastante acarinhada pelo público. Falo é claro da série Spartacus da Starz.


    A minha jornada com Spartacus iniciou-se quando eu tinha, sensivelmente, uns doze anos. Na altura, a série passou no que era conhecida como Fox (hoje Star Channel). Talvez fosse demasiado jovem para estar a ver a série, mas o que é certo é que esta me cativou - especialmente pelo facto deles terem posto bolinha vermelha; já se sabe como é que são os jovens :). Mais do que o sangue ou as cenas extravagantes de sexo, o que realmente me interessava eram as personagens e a sua jornada. Todas as semanas, lá estava eu embasbacada a olhar para o écran da televisão para ver os dramas de Espártaco e do seu exército de escravos, tentando derrubar Roma e reconquistar a sua liberdade.

    Entretanto, os anos passaram e Spartacus ficou um pouco esquecido. Isto é, até ao ano passado, quando, por um capricho qualquer (que eu própria não percebi), simplesmente decidi reassistir a série. Ainda bem que o fiz, pois desta vez pude apreciar melhor a série.

    Spartacus estreou-se em 2010, sendo constituída por três temporadas e uma prequela em forma de minissérie (a qual, até hoje não vi, lamentável). A série é bastante curta com apenas 33 episódios no total. Narrativamente falando, a série começa um pouco morna na 1ª temporada, mas depois nas temporadas seguintes começa a ganhar tração, expandindo a história e desenvolvendo ainda mais as suas personagens. Todas as personagens são deveras interessantes, seja do lado dos romanos, seja do lado dos escravos. São personagens multifacetadas que nos trazem diferentes perspectivas sobre o mesmo conflito. Mais interessante ainda é o facto da série descontruir um possível estigma em torno das suas personagens femininas.

    

    Numa época em que se fala tanto do empoderamento feminino e a necessidade de termos personagens femininas "fortes", é impressionante como uma série dos anos 2010 nos entrega uma variedade tão grande de personagens femininas. Embora estas se contem pelos dedos das mãos, o certo é que todas as mulheres de Spartacus brilham por conta própria e nem todas elas são guerreiras no sentido mais lato da palavra. Aliás, elas são uma parte tão importante quanto eles, facto que a série simplesmente naturaliza. Igualmente feito de forma natural, é a existência de personagens lgbtqia+. Nagron foi literalmente o primeiro casal gay que eu vi representado numa série televisiva. 

    A abordagem que a série tem em relação às suas personagens é algo que possivelmente faz falta a muitas outras obras que por aí andam. Em Spartacus, os argumentistas tratam as suas personagens como se de pessoas de carne e osso se tratassem (obviamente que muitas tratam-se de facto de personagens históricas), com os seus defeitos e virtudes, homens ou mulheres, héteros, gays, lésbicas, bissexuais, etc. Todas elas desempenham um papel crucial na trama e todas elas têm algo a dizer.

    Certamente que, sendo uma série live-action, tal não seria possível sem os seus atores, pelo que devo deixar aqui os meus elogios a todo o elenco pelo seu trabalho extraordinário. Mesmo uma década depois, as suas atuações ainda ressoam na audiência.


    A cinematografia é algo que devo também ressaltar. Não sei os caros leitores já terão reparado, mas atualmente as produções hollywoodianas são um bocado escuras. Muitas parecem ser desprovidas de qualquer cor. E então, quando falamos de cenas à noite, mal se consegue ver alguma coisa. Por ser uma série de uma outra década, a cinematografia de Spartacus é diferente, demonstrando através das cores dos figurinos e dos seus cenários as dicotomias entre os vários núcleos de personagens.

    Todos estes fatores jogam a favor de Spartacus, culminando numa série que ainda resiste ao teste do tempo. Se nunca assistiram Spartacus, espero que este meu artigo tenha atiçado a vossa curiosidade. Apelo igualmente a que leiam as resenhas que fiz sobre cada temporada, onde exploro a série com mais detalhe.


Até à próxima!

Ellis

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