Tal como tinha anunciado, comecei a ler a trilogia nórdica do Riordanverso (Magnus Chase e os deuses de Asgard), pondo de lado - por ora - a saga As provoções de Apolo. Em momento oportuno irei retomar a leitura da mesma.
Confiram os outros livros do autor:
- Percy Jackson e o ladrão de raios (Percy Jackson e os Olimpianos #1)
- O herói perdido (Os heróis do Olimpo #1)
- A pirâmide vermelha (As crónicas dos Kane #1)
- O oráculo escondido (As provações de Apolo #1)
- O martelo de Thor (Magnus Chase e os deuses de Asgard #2)
- O navio dos mortos (Magnus Chase e os deuses de Asgard #3)
Sobre o autor
Sinopse
Opinião
Apresentado a mesma fórmula a que tão bem nos habituou, Rick Riordan ingressa nesta nova trilogia no mundo da mitologia nórdica. Confesso que sou ignorante no que toca a mitologia nórdica, sendo que os meus conhecimentos se resumem praticamente às personagens da Marvel.
Porque Anno Domini, o ano do Senhor, é ótimo para cristãos, mas Thor fica chateado. Ele ainda se ressente de Jesus não ter aparecido quando ele o desafiou para um duelo
Ainda que os meus conhecimentos sobre mitologia nórdica sejam deveras limitados, não tive qualquer problema em seguir a história. Aliás, diria que até ficou mais interessante pois eu estava no mesmo patamar que o nosso protagonista, Magnus Chase. Portanto, as perguntas que ele fazia, eram as perguntas que eu tinha em mente. Comparativamente com outras mitologias trabalhadas por Riordan (greco-romana e egípcia), pessoalmente considero que a mitologia nórdica é a mais estranha e louca de todas. Para já, os nórdicos acreditavam na existência de nove mundos, todos eles ligados por Yggdrasil (a árvore do mundo). Só aí, abre espaço para toda uma miríade de raças e povos, cada um com as suas particularidades e próprios interesses. Também há a questão do próprio Ragnarok - o fim do mundo que está predestinado a acontecer. Para mim, essa especificidade da mitologia nórdica foi muito pertinente. Enquanto que nas outras sagas, o fim do mundo acontece por uma estranha causalidade, aqui não. Toda a gente sabe que o fim do universo vai acontecer; a questão resume-se apenas quando. A meu ver, isso apenas acrescentou valor cómico às conversas.
O sacrifício, a bravura, não devem ser planejados, mas sim uma verdadeira reação heroica a uma crise. Tem de vir do coração, sem qualquer pensamento por recompensa.
Como já devem ter percebido pelo título da trilogia, o nosso protagonista é Magnus Chase. Chase, tipo Annabeth Chase? Sim, os dois são primos, logo temos um pequeno crossover entre esta nova trilogia e a saga principal.
Magnus é apenas um órfão que vive nas ruas de Boston, até que um dia ele reencontra o seu tio estranho que lhe diz que este é filho de um deus. Logo a seguir um gigante bem vestido aparece e o mata. Como se morrer tão jovem não fosse mau, Magnus acaba por ir parar a Valhala, o salão dos mortos, governado por Odin. Aí, ele descobre que se calhar o Ragnarok pode estar para acontecer mais cedo que todos julgavam.
De todos os protagonistas que até agora vimos, Magnus é diferente pelo facto de ter vivido dois anos nas ruas. Ele usa o humor (marca registada de Rick Riordan) como um mecanismo defensivo. Nesse aspecto, ele é muito semelhante a Leo Valdez de Heróis do Olimpo. Por conta disso, a sua moral é um tanto mais flexível que a maioria das personagens que conhecemos do Riordanverso, o que suscita reflexões importantes.
A questão do destino, Magnus, é a seguinte: mesmo que não possamos mudar o cenário, nossas escolhas podem alterar os detalhes. É assim que nos rebelamos contra o destino, como deixamos nossa marca. Que escolha você vai fazer?
Para além de Magnus, também temos Samirah Al-Abbas, ou Sam, como ela gosta de ser chamada. Sam é uma valquíria, uma deidade cujo propósito é escolher os guerreiros mais valorosos e levá-los para Valhala. Foi Sam quem trouxe Magnus para Valhala, embora os lordes duvidem da sua escolha. Sam é uma das personagens mais memoráveis do livro.
Sam é uma adolescente complicada que tem de balançar a sua vida normal com o seu trabalho de valquíria, o que não é nada fácil dada a sua família rigorosa. Sam é igualmente muçulmana. O facto da personagem possuir um credo diferente daquele que vemos é notório e Riordan trabalha bem as questões de fé que assolam a personagem. Essa foi talvez a parte que mais me cativou neste livro. O facto do autor conseguir trabalhar duas religiões aparentemente opostas de forma respeitosa e demonstrando os seus pontos comuns, promovendo o diálogo e a compreensão.
Não se pode admirar uma coisa se não for boa o bastante para ter um nome
Duas personagens que devem ser igualmente mencionadas são Blitzen e Hearthstone. Blitzen é um anão (ou elfo negro) com sentido de moda vistoso e escandaloso. Hearthstone é um elfo mudo e surdo (olha aí a representatividade) calmo e impassível. Os dois possuem traumas do seu passado e, por isso, apoiam-se mutuamente. Dá para sentir que a ligação que estas duas personagens têm uma com a outra. Eu diria que é impossível não shippar os dois. Os dois são uma dupla que jamais poderá ser separada.
Não posso terminar esta crítica sem sequer falar nos deuses.
Sabem o Thor e o Loki dos filmes da Marvel? Pois, esqueçam esses porque o Thor e o Loki do livro nada têm a ver com as suas personas cinematográficas. Aliás, esse é um lembrete que é constantemente reiterado ao longo do livro. O Thor que aqui conhecemos é simplesmente tão diferente que uma pessoa até deseja que ele fosse como o Chris Hemsworth. Quanto a Loki, eu diria que neste livro o deus é ainda mais sorrateiro, com planos que possuem várias camadas e artimanhas que nos fazem questionar sobre os seus verdadeiros objetivos. Outros deuses também marcaram presença como Freya, Frey, Hel e Odin. Odin foi simplesmente a maior quebra de expectativa de todas. Achei tão engraçado o retrato que Riordan fez do deus que vos desafio a ler o livro só para poderem descobrir.
Magnus...nem os deuses podem viver para sempre. Não gasto energia tentando lutar contra a mudança das estações. Eu me contento em cuidar para que os dias que tenho, a estação que supervisiono, sejam os mais alegres, intensos e abundantes possível.
A única crítica que tenho a fazer ao livro é a a forma como este foi dividido. Achei que foram demasiados capítulos, quando podiam ser menos. A forma como cada capítulo era dividido por vezes não fazia sentido para mim. Fora isso, não tenho nada de mau a dizer sobre o livro.
Em suma, A espada de verão socorre-se da mesma fórmula, apresentando-nos à mitologia nórdica e a uma história que conversa sobre o heroísmo e o poder do destino.
⭐⭐⭐⭐
4/5
Até à próxima!
Ellis
Comentários
Enviar um comentário