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Hell's Paradise (Volume 5) | Opinião #193

 Olá a todos!

    Sim, estou de volta com mais uma resenha de Hell's Paradise, o mangá que não me pára de surpreender!

Atenção: esta resenha contém spoilers!

    Confere os restantes volumes:

Sobre o autor

    Yuji Kaku é um artista de mangá japonês. Depois de trabalhar como editor, Kaku começou a trabalhar como artista de mangá em 2009 com Memory Customs, um one-shot publicado na Jump Square. Em 2013, lançou sua primeira série, Fantasma. Depois de trabalhar como assistente de Tatsuki Fujimoto, Kaku lançou a sua segunda série, Hell's Paradise, no aplicativo Shōnen Jump+, que rapidamente cresceu em popularidade.

Sinopse

    No meio da missão, Gabimaru acaba se separando de Sagiri! Sem ter outra escolha, o grupo formado pela executora e Yuzuriha chega ao Hourai, o lar dos Tensen, em busca do Elixir da Imortalidade... Mas quem está esperando por eles é Mu Dan, um dos eremitas imortais!! Como Sagiri e os outros conseguirão enfrentar um imortal que domina o uso do Tao?! A aventura dramática de um ninja no limiar entre a vida e a morte chega ao seu quinto volume.

Opinião

    Yuji Kaku não dá tréguas à sua brutalidade e o 5º volume premeia-nos com muita luta e muito sangue, mas também deixa em aberto alguns mistérios.

"Eu vou matar qualquer um que se meter na minha vida! Até mesmo se for um deus de verdade!"

    Sagiri, Senta, Yuzuriha e Hoko chegaram a Horai e logo são recebidos por um dos Tensen, Mu Dan. O que se segue é uma batalha épica que leva as nossas personagens ao limite. Há uma razão para Yuzuriha figurar na capa deste volume e essa prende-se com o facto de lhe ser dado um grande destaque na luta contra Mu Dan. Finalmente, descobrimos quais são as habilidades da kunoichi. Yuzuriha é construída como a típica femme fatale (sexy e dona de si mesma), portanto não é de estranhar que as suas habilidades ainda ressaltam mais esses atributos. Posto isto, foi muito bom vê-la em batalha, lado a lado com Sagiri. Empolguei-me demais com esta luta, sobretudo por ver a dinâmica entre estas duas personagens. Senta não é esquecido e também temos a oportunidade de o ver numa batalha a sério, demonstrando que ele é mais do que um nerd. Kaku já demonstrou que todas as suas personagens são complexas, com direito a várias camadas. Senta não é exceção. À primeira vista, o samurai parece preencher o lugar do gordinho amigável, um pouco atrapalhado e muito inteligente (por conta dos óculos). De certa forma, ele é esse arquétipo, no entanto tem mais que se lhe diga. Tal como Sagiri, Senta também é vítima das expectativas que a sociedade lhe impõe, em especial o clã Yamada. Senta é uma alma livre e sonhadora. O seu maior desejo é dedicar-se às artes, à pintura e à caligrafia. Contudo, ele é um homem do clã Asaemon e como tal deve servir ao shogunato na qualidade de samurai. Atualmente, há um grande enfoque na forma como o patriarcado oprime as mulheres, porém os homens sofrem igualmente com essa opressão - sendo, muitas vezes, obrigados a assumir papéis com os quais não se identificam.

"Como vocês são imortais, eu vou lhes ensinar a efemeridade, o peso e a importância da vida"

    A luta contra Mu Dan serve sobretudo para esclarecer algumas informações sobre o Tao, nomeadamente a teoria do Yin-Yang e dos elementos (a qual expliquei um pouco en passant no volume anterior). Mas, mais do que isso, é-nos explicada a razão da existência da ilha: não passa tudo de uma experiência "científica"! A religião, a ciência, a própria tribo que vivia ali...tudo faz parte de um projeto científico! Por essa é que eu não esperava. O mistério da ilha vai-se adensando cada vez mais, ao ponto de já não ser possível construir um daqueles quadros com fios vermelhos que ligam as evidências umas às outras. Para além disso, outra coisa que me chocou muito neste volume foram as consequências do uso excessivo do Tao. Qualquer sistema de magia que se preze, necessita de ter os seus limites definidos, limites esses que condicionam as personagens, obrigando-as a pensar em estratégias a fim de derrotar o inimigo, e que se mantenham consistentes ao longo da história (ninguém gosta de uma solução deus ex-machina). Assim sendo, em que consistem os limites do sistema de magia em Hell's Paradise? Não só o uso excessivo do Tao pode afetar a personagem a nível físico, como também pode afetar a nível psicológico - no sentido de perderem momentaneamente a sua memória e de se efetuarem alterações na sua personalidade e forma de agir.

    Lembram-se de eu vos dizer que os mistérios de Hell's Paradise apenas se adensam a cada volume? Bem, para juntar à lista, nos últimos capítulos, Yuzuriha levanta uma questão bastante pertinente: será que a esposa de Gabimaru é real?
A princípio, o leitor poderá ficar na defensiva, acreditando piamente que a esposa existe, uma vez que é o desejo de Gabimaru se reunir com ela que faz movimentar a trama. No entanto, Yuzuriha ressalta alguns aspetos que nos podem ter passado ao lado, como o facto de Iwagakure ser uma vila shinobi, governada pelo medo e pelas ilusões. A personagem continua, apresentando duas hipóteses: ou a esposa de Gabimaru é uma kunoichi treinada, cuja missão é tornar o Vazio mais obediente; ou ela nem sequer existe, não passando tudo de uma invenção/alucinação do próprio Gabimaru, de forma a dar algum sentido à sua vida. Ok, confesso que esta aqui me fez torcer o nariz, pois está confirmado que Sagiri tinha de facto contactado a dita esposa. Ou será que não? Numa conversa com Shion, a própria Sagiri revela que nunca de facto chegou a ver a esposa, apenas viu de relance, ao longe, uma rapariga que se parecia encaixar na discrição. Meu deus, a confusão está instalada! Para piorar, Gabimaru começa a sofrer as consequências do uso excessivo do Tao, sofrendo perdas de memória. Ah, que desgraçado! Honestamente, quero acreditar que a esposa dele é real, mas não posso negar que seria um golpe de génio no final descobrirmos que ela nem sequer existe, não passando tudo de uma invenção de Gabimaru.

    Tal como Gabimaru temia, Iwagakure está a caminho da ilha, o que significa que os próximos volumes serão tensos. Talvez, eles nos possam esclarecer sobre o mistério da esposa. Ou não.

Nota: 5/5

Até à próxima e boas leituras!

Ellis

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