Saber quando encerrar uma saga é sempre uma questão complicada para os autores. Vários fatores devem ser tidos em conta e corre-se sempre o risco de não agradar os fãs da dita saga. Alguns autores conseguem dar a volta por cima, outros nem por isso. Infelizmente, Lian Hearn e a Saga dos Otori são exemplo, a meu ver, do segundo.
Não se esqueçam de conferir os restantes livros da saga:
- A tribo dos mágicos (A saga dos Otori #1)
- O desafio do guerreiro (A saga dos Otori #2)
- As cinco batalhas (A saga dos Otori #3)
Sobre a autora
Lian Hearn nasceu em Inglaterra, frequentou a Universidade de Oxford, estudou japonês, manifestando desde sempre um grande interesse pela cultura deste país. Esta obra, já traduzida para mais de vinte países, foi premiada com o New York Times Notable Book of The Year e o School Library Journal's «Best Adult Books for High School Readers», 2002. Devido à sua excelente qualidade, esta obra despertou recentemente o interesse cinematográfico.
Sinopse
Depois da trilogia A Saga dos Otori, Lian Hearn regressou às lides literárias com mais um livro - O Voo da Garça - já considerado «o epílogo perfeito» da série. Aqui vamos ao encontro de Otori Takeo e Kaede que governam o Reino dos Três Países há já dezasseis anos. Takeo tornou-se senhor do reino, onde vive com a sua amada Takea, no longínquo Japão dos séculos XV e XVI. Os Três Países estão agora ricos, prósperos e em paz. Os pássaros sagrados anunciam a felicidade mas o sucesso de Takeo atraiu a atenção do Imperador e do seu general que desejam a riqueza do território em especial da herdeira de Takeo, a sua filha mais velha, agora em idade de se casar. Descubra quem sobreviverá num confronto implacável que culminará num final imprevisível e que o vai conduzir a reler toda a trilogia.
Opinião
A saga dos Otori começou lá em cima, vindo a decrescer gradualmente - até culminar neste livro. Muitos dos problemas que citei nos livros anteriores, são aqui multiplicados por mil, atrapalhando a leitura. As personagens que tanto amámos na trilogia original transformam-se em coisas disformes, totalmente irreconhecíveis. A acrescentar a isto, temos ainda a agravante que vem com uma nova geração: a introdução de novas personagens. Personagens cujos arcos são tão convulsos que se torna difícil criar alguma espécie de ligação, muito menos compreender as suas ações. O facto de Hearn ter decidido escrever o livro em múltiplos pontos de vista não abonou a seu favor. A certa altura, eram tantas personagens e todas tão parecidas que eu já não conseguia distinguir umas das outras. Para além disso, o que mais me incomodou prende-se com os abusos psicológicos e sexuais que uma certa personagem sofre e a normalização que a autora faz dessa situação.
Com a introdução de vários focos de conflito, também a narrativa apresenta-se de tal forma convulsa, que é extremamente difícil de perceber o que está a acontecer. Não mais do que uma vez, me vi completamente perdida e baralhada. Esta situação acaba por retirar todo o peso dramático das situações com que as personagens se veem confrontadas, pois as mesmas não são devidamente exploradas.
Em suma, O voo da garça veio matar a magia que caracterizava a Saga dos Otori, manchando o que era uma trilogia interessante e razoável.
⭐
1/5
Até à próxima e boas leituras!
Ellis
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